O mercado de fundos imobiliários passou por “momentos ruins” de meados de 2021 ao primeiro semestre de 2022. As cotas de fundos imobiliários caem há meses com o aumento da inflação, a taxa Selic de 13,75% e a renda fixa ficam mais atrativas, mas o que vai acontecer em 2023? Especialistas ouvidos pelo Suno Notícias concordam que 2023 tende a ser melhor do que este ano. A perspectiva de juros mais baixos, com o fim do ciclo de alta da Selic, tem ajudado muito na precificação dos fundos imobiliários, o que tem contribuído para a valorização das ações dos FIIs.
Da mesma forma, os especialistas concordam que há incerteza ao longo do caminho, o que pode criar volatilidade, mas também oportunidade.Uma das possibilidades positivas para 2023 são os fundos imobiliários com dividendos atrativos, incluindo fundos de papel que investem em dívida imobiliária. Outros setores, como fundos do setor corporativo, FII de shopping centers, etc., também têm a possibilidade de maiores retornos.
Isso ocorre porque o comportamento do mercado de fundos imobiliários está diretamente relacionado à taxa Selic, à inflação (IPCA) e ao PIB. Portanto, entender essas variáveis é fundamental para fazer qualquer previsão para 2023. A equipe de economia da XP espera que o IPCA feche 2022 em 6,1%.
Mesmo com a deflação nos últimos meses, Maria Fernanda Violatti, analista do CNPI e especialista em XP FII, disse que foi uma medida temporária, pois o ICMS baixou os preços dos combustíveis. O impacto é de curto prazo, principalmente para fundos de papel com maiores carteiras indexadas à inflação.Já para o ano que vem, economistas da XP esperam que o IPCA atinja 5,3% em 2023. Dito isso, mesmo com queda acentuada de 2022 para o ano seguinte, a inflação continuará elevada e acima da meta do banco central.
Além disso, a XP espera que a taxa de juros Selic atinja 10% no ano que vem. Dito isso, as taxas de juros permanecerão altas, mesmo abaixo dos níveis de 2022. Os economistas estão, portanto, prevendo um cenário deflacionário, já que as taxas de juros e outras medidas econômicas têm se mostrado eficazes na redução dos preços.
Mas de qualquer forma, Violati fez uma previsão para o mercado de FII no próximo ano, dizendo que “os dividendos dos fundos imobiliários vão se manter em um patamar atrativo”, o que esperar do desempenho dos fundos imobiliários? Como resultado, os fundos de papel com ativos atrelados às taxas de juros atuais ainda pagarão dividendos anualizados de dois dígitos. Sim, será inferior ao valor pago em 2021, mas provavelmente em 2023, o dividend yield do fundo imobiliário será muito próximo deste ano.
Especialmente após a declaração do banco central em agosto de que pode ser um ciclo de altas taxas de juros, muitos investidores aproveitaram grandes descontos para “dinheiro pesado” para investir em fundos físicos. Ou seja, a perspectiva de juros baixos é suficiente para agitar o mercado e abrir boas oportunidades de compra. Portanto, ainda este ano, o mercado deverá ver muita volatilidade, principalmente devido à situação com eleições e incerteza política.
Já para 2023, Violati acredita que pode haver uma mudança positiva na reavaliação patrimonial dos fundos imobiliários, principalmente com a redução da Selic. A evolução das valorizações dos ativos à medida que as taxas de juros caem, também contribui para a valorização das ações no mercado secundário. Embora alguns fundos já tenham se valorizado significativamente em 2022, ainda há espaço para encontrar ativos descontados, mas os investidores precisam ser mais cautelosos em suas análises.
Da mesma forma, os analistas da XP não veem motivo para sair da parte do fundo de papel do portfólio do fundo imobiliário. Os analistas entendem a importância de manter a diversificação do portfólio. Da mesma forma, você precisa ser cauteloso ao escolher fundos físicos, pois alguns fundos têm maior potencial de valorização.
Alkeos Saroglou, sócio da Alta Vista Investimentos, concorda que faz sentido pensar que a Selic continuará alta por muito tempo. Desta forma, “os fundos de papel continuam muito atrativos e vão continuar a dar bons retornos em 2023”, comentou o especialista.
Quanto aos fundos físicos, alguns setores ainda enfrentarão muitos desafios no próximo ano. Neste ponto, os especialistas estão cautelosos com a avaliação dos fundos corporativos de tela plana. Na sua opinião, o movimento de “retorno ao escritório” em 2022 ainda é positivo, com uma perspectiva mais otimista para 2023, mais inclinado à retomada da distribuição. Nesse sentido, especialistas explicam que haverá pouca oferta de novos ativos nos próximos 2 anos, com taxa de vacância superior a 20% em São Paulo, principalmente devido ao aumento dos custos de construção e altas taxas de juros.
A redução da oferta de novas lajes ajuda a reduzir a taxa de vacância atual. Itaim Bibi e Faria Lima têm 10% de vacância. Até 2023, os bairros mais próximos poderão receber novos inquilinos, avaliando o setor como um todo. Como complemento, os fundos imobiliários do setor corporativo permanecem descontados em bolsa.
O setor de logística está estável e o shopping está “caro”
Especialistas da RB Capital acreditam que o setor de logística e armazenagem permanecerá estável em 2023. Ele acredita que os armazéns se beneficiaram dos arrendamentos relacionados ao aquecimento do comércio eletrônico durante a pandemia. Atualmente, “essa demanda está esfriando”, observou. Além disso, com o desenvolvimento de novos armazéns, muitos fundos têm “arriscado” para aumentar a oferta de aluguel no setor. No entanto, espera-se que a oferta e a demanda nesse segmento estejam no mesmo nível até 2023.
No que diz respeito aos shoppings, este é o segmento que mais vai se valorizar em 2022. Por outro lado, os shoppings foram os mais atingidos durante a pandemia. Essa recuperação do setor é surpreendente, com os aluguéis sendo valorizados mais altos do que em 2019 antes da pandemia. Para o ano que vem, os especialistas observam um quadro um pouco diferente, principalmente se o PIB for inferior ao deste ano.
Em relação ao mercado secundário, em 2022, os fundos imobiliários de shopping centers terão um grande aumento, e não serão tão baratos quanto no ano passado. A partir de agora, é preciso analisar com calma o crescimento do setor. Por fim, Omachi ressaltou que as perspectivas para o FII em 2023 permanecem incertas, “mas com um viés mais positivo”. Com a Selic caindo para 10% ou 11% até o final de 2023, o mercado de fundos imobiliários deve ser afetado positivamente, principalmente se as taxas entrarem em trajetória de queda em 2023.
Fontes: suno.com.br